Já perdi a conta de quantas vezes visitei o Parque Nacional da Peneda-Gerês, bem como já perdi a conta das pessoas com quem me cruzei e que me dizem nunca ter visitado este local tão emblemático de Portugal.
Essa foi uma das principais razões para escrever este artigo sobre alguns dos melhores locais para visitar no Parque Nacional da Peneda-Gerês, sem esquecer claro, algumas fotos para despertar interesse. Em cada artigo terão um link para artigos individuais onde poderão encontrar informações adicionais, e mais fotos de cada local.
Para além deste Top10 a visitar no Parque Nacional da Peneda-Gerês, ainda existem muitos outros locais interessantes mas preferi concentrar-me apenas em alguns dos que mais me marcaram, e dos que visito com mais frequência quando estou por lá.
Estes locais poderão ser visitados num fim-de-semana prolongado, de 3 ou 4 dias, sem pressas, e de modo a aproveitarem a paisagem, a gastronomia e, dependendo da altura do verão, as águas cristalinas dos rios e cascatas que fazem parte deste parque.
Na minha última viagem a este local mágico, iniciei a visita pela zona Nordeste do parque, visitando o Mosteiro de Santa Maria das Júnias, tendo depois terminado a viagem na zona Noroeste, no Santuário de Nossa Senhora da Peneda.
Existem bastantes locais de turismo rural que poderão aproveitar para a vossa estadia, e, caso sejam adeptos da gastronomia local, podem deliciar-se com as papas de sarrabulho, rojões à moda do Minho, cozido à Portuguesa, cabrito assado, lampreia, truta, enchidos e presunto, vinho verde e mel.
Chega de conversa, e vamos então passar aos locais. Podem consultar o mapa completo, com todos os locais assinalados, no final deste artigo.
- Mosteiro de Santa Maria das Júnias
- Ponte de Misarela
- Cascatas Tahiti
- Cascata do Arado
- Miradouro Pedra Bela
- Portela do Homem
- Via Romana
- Barragem de Vilarinho das Furnas
- Lindoso
- Nossa Senhora da Peneda
Mosteiro de Santa Maria das Júnias
O Mosteiro de Santa Maria das Júnias está localizado no fundo de um vale, dois quilómetros a Sul da aldeia Pitões das Júnias, província de Trás-os-Montes. Pertence ao distrito de Vila Real, concelho de Montalegre, na zona Este do Parque Nacional da Peneda-Gerês e embora possa ser visto de cima, junto ao local onde o carro fica estacionado, o acesso só pode ser feito a pé, num percurso bastante irregular de lajes de pedra, que nos conduz até ao vale da Serra da Mourela.
Este mosteiro, que alguns estudiosos dizem ser datado de 1147, encontra-se em ruínas. De todo o conjunto, a igreja é a única que parece conservada. Em seu redor poderão ainda encontrar ruínas das arcadas do claustro e outras pequenas edificações rodeadas de vegetação. Este mosteiro destinava-se a albergar frades beneditos, tendo sido entregue, durante o século XII, à Ordem de Cister.
Foi abandonado no ano de 1834, após a extinção das ordens religiosas em Portugal, tendo deflagrado um incêndio no local alguns anos depois.
Mais fotos e outras informações no meu artigo sobre o Mosteiro de Santa Maria das Júnias.
Localização: 41.83111, -7.94254 | Mosteiro de Santa Maria das Júnias no Google Maps
Ponte de Misarela
A Ponte da Misarela, muitas vezes confundida com “Ponte de Mizarela”, fica localizada sobre o Rio Rabagão, a cerca de um quilómetro da sua foz no rio Cávado, na freguesia de Ferral, concelho de Montalegre distrito de Vila Real.
Construída no fundo de um desfiladeiro escarpado, assente sobre os penedos e com alguma altitude em relação ao leito do rio, é sustentada por um único arco com cerca de 13 metros de vão.
A descida até à ponte é feita a pé, uma vez que a estrada é estreita e rochosa impossibilitando qualquer meio de transporte motorizado. Pelo caminho, um miradouro de onde é possível observar parte do rio, e a ponte, ao longe. Em dias de sol, a paisagem é deslumbrante e o silencio reconfortante.
Erguida na Idade Média e construída no início do século XIX, encontra-se classificada como Imóvel de Interesse Público desde de 30 de Novembro de 1993.
Para conhecerem a Lenda da Ponte da Misarela, podem consultar o meu artigo completo em Ponte da Misarela.
Localização: 41.692, -8.01949 | Ponte da Misarela no Google Maps
Cascatas Tahiti
As Cascatas Fecha de Barjas, mais conhecidas por Cascatas Tahiti, é um dos locais mais belos do Gerês. A água cristalina convida a um banho num dia quente de verão, ou simplesmente a uma contemplação num dia mais fresco. São cascatas naturais procuradas cada vez mais por turistas e visitantes da região, o que também obrigou a algumas obras no trilho de acesso, sinuoso e agreste.
Quem pretender descer até à base da cascata, onde se encontra uma serena lagoa com margens de areia, terá mesmo que pagar cerca de 1 euro (não consegui perceber se se trata de uma concessão ou de um acesso privado).
A recomendação é descer pelo lado direito onde sem encontram alguns moinhos abandonados e algumas pequenas quedas de água, formando pequenas lagoas completamente cristalinas. A meio das cascatas poderá passar de um lado para o outro, ou avistar a lagoa na base.
Não existem protecções e, por essa razão, recomenda-se cautela já que as rochas poderão estar escorregadias.
Mais fotos e outras informações no meu artigo sobre as Cascatas Tahiti.
Localização: 41.70372, -8.10955 | Cascatas Tahiti no Google Maps
Cascata do Arado
A Cascata do Arado está situada em pleno coração do Parque Nacional Peneda-Gerês. É uma das maiores e mais famosas quedas de água do Parque. Localizada no Rio Arado, perto da aldeia da Ermida e do Miradouro Pedra Bela, o acesso é feito por uma estrada florestal, de areia, rodeada de vegetação abundante.
Situada a uma altitude de cerca de 900 metros, cria uma sucessão de cascatas únicas por entre as rochas. Do lado direito do rio (olhando a Norte), existem uma série de degraus que nos leva a um pequeno miradouro para contemplar a cascata por entre toda a vegetação. Não creio que é o melhor local, principalmente em meses com vegetação densa, mas é o acesso mais fácil e rápido.
O acesso à base da cascata pode ser realizado através desse miradouro, mas é um acesso bastante perigoso e íngreme, só mesmo para os mais aventureiros, mas cuidadosos. O melhor acesso é pela ponte, junto ao local onde se deixa o carro, e é possível chegar à base da cascata por entre pedras fugindo às pequenas poças de água que se vão formando.
Mais fotos e outras informações no meu artigo sobre a Cascata do Arado.
Localização: 41.72379, -8.12986 | Cascata do Arado no Google Maps
Miradouro Pedra Bela
O Miradouro Pedra Bela, situado a 829 metros de altitude, é outro dos locais a não perder numa visita ao Gerês. Apenas a alguns quilómetros da Cascata do Rio Arado, é passagem obrigatória a qualquer hora do dia, mas mais intensa ao final do dia já que o sol bate de frente para o miradouro.
Num dia de sol, a vista é simplesmente deslumbrante. O espelho do céu na água do Rio Cávado, ou até mesmo as pequenas casas na Vila do Gerês parecem preencher a tela de um quadro que, dizem os antigos, foi a mão divina que ali colocou aquele local, como que de uma peça de presépio se tratasse, perfeita e imponente.
Avistando a paisagem percebe-se o porquê, seja do vale profundo, das altas montanhas que rodeiam o rio, da albufeira da Caniçada ou dos rios que serpenteiam a serra. Nada melhor que parar uns momentos e contemplar tal paisagem.
Mais fotos e outras informações no meu artigo sobre o Miradouro Pedra Bela.
Localização: 41.71575, -8.15319 | Miradouro Pedra Bela no Google Maps
Portela do Homem
A Cascata do Rio Homem, mais conhecida por Cascata da Portela do Homem, é a minha recordação de infância mais marcante do Parque Natural da Peneda-Gerês. Ainda me lembro da primeira que visitei aquele local de águas em tons de azul-esverdeado. É talvez a cascata mais procurada em todo o Parque, e a afluência de turistas no verão comprova isso.
Esta cascata está localizada a dois quilómetros da Portela do Homem, passo de montanha sobre a fronteira Portugal-Espanha situado a 822 metros de altitude, numa garganta que desce para a Galiza. Para lá chegar, das Caldas do Gerês, devem seguir em direcção à fronteira da Portela do Homem. O lugar não vale só pela cascata e lagoas, mas também por toda a beleza da Mata da Albergaria que acompanha a viagem até lá.
No verão não costuma ser permitido o estacionamento de veículos junto à ponte de acesso à cascata sendo obrigatório subir até ao parque de estacionamento e depois descer, a pé, até encontrar novamente a ponte de acesso à cascata.
As águas cristalinas, provenientes do Rio Homem, formam várias lagoas de águas límpidas, puras e profundas que muitas vezes só se vê em filmes, e onde só os mais corajosos mergulham saltando dos penedos em seu redor.
Esta é sem dúvida uma paragem obrigatória, e quase que diria que é crime deixar o fato de banho em casa.
Mais fotos e outras informações no meu artigo sobre a Portela do Homem.
Localização: 41.80359, -8.12824 | Cascata da Portela do Homem no Google Maps
Via Romana
A Via Romana, também conhecida por Geira, foi provavelmente construída no final do século I e ligava Bracara Augusta (actual Braga) a Asturica (actual Astorga, Espanha), e tinha uma extensão de cerca de 318 quilómetros.
A construção destas vias era de extrema importância para o império romano, que, para além dos variados usos que tinham, o mais importante era sem dúvida a passagem dos seus exércitos numa altura em que as conquistas eram de máxima importância para o crescimento e manutenção do império.
Estas vias, cujo traçado era muito bem delineado, não apresentavam descidas ou subidas acentuadas e o seu uso foi mantido muito além da queda do império romano, tendo sido integrados nos caminhos de Santiago e percorrida por milhares de romeiros até cerca do início do século XX.
É possível ainda descobrir um magnifico espólio de marcos miliários distribuídos ao longo desta via. Os marcos serviam para indicar a distância, em milhas, à capital da província, mas também para homenagear os imperadores romanos.
Saindo do Campo do Gerês em direcção à Barragem de Vilarinho das Furnas, alguns metros antes, à direita, surge uma estrada de terra batida que é possível percorrer de carro para observar alguns destes marcos. Por entre vegetação densa da margem do Rio Homem, é possível contemplar ainda algumas pequenas cascatas e riachos que rasgam o chão verde e rochoso até ao rio.
Mais fotos e outras informações no meu artigo sobre a Via Romana.
Localização: 41.76704, -8.19036 | Via Romana no Google Maps
Barragem de Vilarinho das Furnas
Vilarinho, agora conhecida como Vilarinho das Furnas, era uma aldeia da freguesia de Campo do Gerês, situada no concelho de Terras de Bouro, distrito de Braga. Desde 1971 que esta aldeia se encontra submersa pela albufeira da Barragem de Vilarinho das Furnas.
Num recanto praticamente isolado e perdido entre a Serra Amarela, a norte e poente, e a Serra do Gerês, a sul e nascente, é possível ainda observar algumas das casas, em ruínas, quando o nível das águas desce, em período de seca, ou quando a barragem liberta água para limpeza. Como é costume na zona do Minho, as casas de Vilarinho eram compostas por dois pisos: o piso térreo para guardar o gado e recolher as máquinas agrícolas, e o andar superior que servia de habitação.
Era conhecida pelo regime comunitário que funcionava autonomamente das leis gerais e nacionais. Quem as elaborava e as fazia respeitar era uma junta de seis elementos dirigida por um zelador. Essa junta era constituída pelos chefes de família eleitos onde o homem era preponderante. As mulheres poderiam ter assento na junta se fossem viúvas ou se o marido tivesse imigrado. Na altura da sua extinção, em Outubro de 1970, habitavam a aldeia cerca de 250 pessoas, em 57 famílias.
O acesso é feito a pé, cerca de um quilómetro, desde a barragem, através de uma estrada de terra batida que ladeia o rio na margem esquerda, (olhando a norte).
Mais fotos e outras informações no meu artigo sobre Vilarinho das Furnas.
Localização: 41.76343, -8.2091 | Vilarinho das Furnas no Google Maps
Aldeia de Lindoso
A Aldeia de Lindoso, na freguesia do concelho de Ponte da Barca e inserida no Parque Nacional Peneda-Gerês, deriva do latim “Limitosum” (Limesitis) que terão sido algumas das palavras que o Rei D. Dinis teria usado para descrever aquele lugar que “tão alegre e primoroso o achou, que logo Lindoso o chamou”. Como o próprio nome indica, é uma das mais belas aldeias minhotas, muito próxima da fronteira com Espanha, e tem cerca de 1300 habitantes que se dedicam essencialmente à agricultura e à criação de gado, numa zona bastante montanhosa.
Nesta aldeia turística vão encontrar um castelo, reconstruído em 1278, que serviu para defender o Lindoso e Portugal, sendo um motivo de orgulho para os habitantes desta freguesia, e muito apreciado por quem o visita. No entanto, não só do castelo se orgulham os habitantes de Lindoso. Esta aldeia apresenta ainda um valioso património edificado que inclui um pelourinho, eiras comunitárias, uma ponte medieval, moinhos de água, o tão famoso ajuntamento de espigueiros, entre outros.
O Castelo de Lindoso é um dos mais importantes monumentos militares portugueses, pela sua localização estratégica sobre o rio Lima, e a sua posição fronteiriça com Espanha, sendo resultado de um investimento militar do reinado de D. Afonso III como peça fundamental na defesa da fronteira. Nunca assumindo funções residenciais, mas apenas militares, o castelo era ocupado ocasionalmente, sobretudo nos períodos de conflitos regionais ou nacionais.
Merecedor de um olhar mais atento, talvez por ser pouco normal, é o conjunto de espigueiros da aldeia. São mais de 50 exemplares em excelentes condições, dos séculos XVIII e XIX, que ainda hoje são utilizados para secagem de cereais. No Minho é muito fácil ver espigueiros, mas talvez não em tão grande quantidade como em Lindoso. Do castelo conseguem ter uma visão ampla do local mas, não percam a oportunidade de também caminharem pelo meio dos espigueiros como se de um labirinto se tratasse.
Mais fotos e outras informações no meu artigo sobre a Aldeia de Lindoso.
Localização: 41.866283, -8.199612 | Aldeia de Lindoso no Google Maps
Santuário de Nossa Senhora da Peneda
O Santuário de Nossa Senhora da Peneda, em Arcos de Valdevez, freguesia de Gavieira, foi construído a partir de finais do século XVIII, tendo sido a igreja terminada em 1875 segundo a data inscrita numa coluna existente no cimo da escadaria que lhe dá acesso.
Neste local julga-se ter existido uma pequena ermida construída para lembrar a aparição da Nossa Senhora da Peneda, motivando depois a construção do santuário. No largo triangular situavam-se os dormitórios para os peregrinos, hoje transformado em hotel, e tem como símbolo inconfundível o escadório das virtudes, a sul, com estátuas representando a Fé, Esperança, a Caridade e a Glória, datadas de 1854 pelo mestre Francisco Barreiros.
Com cerca de 300 metros, o escadório das virtudes contém cerca de 20 capelas com as cenas da vida de Cristo (Natividade e Paixão). Algumas delas com o seu interior recuperado há muito pouco tempo, e outras fechadas, provavelmente devido à deterioração do seu interior. Ao fundo da escadaria, numa praça circular, pode encontrar-se um pilar oferecido pela rainha Maria I de Portugal.
A data que atrai mais peregrinos e curiosos a este local é a primeira semana de Setembro, quando tem lugar o grande arraial popular.
Mais fotos e outras informações no meu artigo sobre o Santuário de Nossa Senhora da Peneda.
Localização: 41.973916, -8.223048 | Santuário de Nossa Senhora da Peneda no Google Maps
Uma resposta
GOSTEI MUITO MAS PROCURO FOTOS DO GERES GENUINO COMPLETAMENTE IFERENTE É DIFICIL SOU GERESIANA PELO LADO DA MINHA MÃE E PASSEI A JUVENTUDE LÁ MINHA MAE NASCEU NA ALDEIA DE CARVALHIRA A MAIOR PARTE DAS ALDEIAS NAO TEM FOTOS E É PENA SOI SOBRINHA NETA DO PADRE MARTINS CAPELA QUE TEM UMA ESTATUA EM CARVALEIRA UMA ALDEIA MUITO PEQUENINA E NA ALTURA POBRE