A Praia da Ursa, localizada a poucas centenas de metros do Cabo da Roca, no concelho de Sintra, é considerada a praia mais ocidental de Portugal continental.
Considerada como uma das praias mais belas do país, tem um acesso bastante complicado e perigoso.
O seu nome deve-se à enorme pedra em forma de Ursa a olhar o céu, lado a lado com outra formação rochosa de nome Gigante, e tudo deriva da lenda da Praia da Ursa.
Diz a lenda que na Idade do Gelo ali vivia uma ursa com os seus filhos, e quando o degelo começou, os Deuses disseram para todos os animais fugirem das zonas costeiras. Mas a ursa não quis aceder às ordens dos Deuses e ali quis ficar com os seus filhos porque ali nascido, e ali queria permanecer.
Os Deuses enfurecidos transformaram a ursa num enorme rochedo e os seus filhos em pequenas rochas dispersas à sua volta, para todo o sempre.
Para chegarem à Praia da Ursa, terão que apanhar a N247 e virar para Azóia, em direção ao Cabo da Roca. A menos de 1000 metros do Cabo da Roca, após uma curva à esquerda, e já depois de passar a povoação, irão ver uma placa a indicar a Praia da Ursa à direita. Antes era possível deixar o carro logo aí, num pequeno parque de terra, mas trata-se de um terreno privado que agora costuma estar vedado.
Existem agora duas opções, ou deixar o veículo junto a essa entrada e fazer o resto do percurso a pé, cerca de 500 metros, ou continuar de carro por esse estradão de areia até ao parque interior mais junto à praia, contudo, importa referir que o estradão de areia está em más condições e que nem todos os carros o conseguirão fazer com sucesso devido a duas zonas muito danificadas pelas chuvas e pela passagem de veículos.
Recomendo apenas a realizarem este percurso se o conhecer bem e/ou se estiver num veículo todo-o-terreno até porque apenas passa um veículo de cada vez e não há muitas zonas para realizar manobras. Mesmo para motas pode ser perigoso para condutores menos experientes.
Deste local já é possível ver os dois grandes rochedos emblemáticos desta praia. O verde da vegetação rasteira e constante une-se com o céu azul e o oceano que temos pela frente.
Existem agora duas opções. O caminho da direita, ou o caminho da esquerda?
O da direita dá acesso a um miradouro natural, e não dá acesso à praia. Já deu em tempos mas vários desmoronamentos nas encostas cortaram o acesso ao areal pelo que, devem escolher este caminho apenas se forem com o intuito de ver a praia mais de perto, como se um miradouro se tratasse, mas não chegar ao areal.
O caminho da esquerda, esse sim, vai dar ao areal, mas já lá vamos depois.
Nas minhas visitas à Praia da Ursa costumo descer pela direita porque nem sempre é minha intenção chegar ao areal, e vão perceber o porquê pelas fotos mais à frente.
O caminho da direita está muito bem delineado, impossível de se perder, e apenas num ou dois locais exige um pouco mais de cuidado na descida para não escorregarem na areia que poderá estar mais solta.
Escusado será dizer que será recomendado o uso de calçado adequado e de roupa, preferencialmente larga, para não prender movimentos.
Seja Verão ou Inverno, a vegetação rasteira é imensa e é a cor predominante que nos acompanha até junto da falésia.
A norte, ao longe, poderão observar a zona da Ericeira.
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Este percurso vai levar-vos até uma zona que parece ser um miradouro natural. São cerca de 420 metros desde o parque de estacionamento, segundo o meu GPS Tracker usado na última visita ao local.
Encontrarão um primeiro local onde é possível avistar o areal, mas poderão descer ainda mais um pouco até um conjunto de pedras enormes onde poderão observar e/ou fotografar com melhor visão.
Atenção, mesmo aqueles mais experientes em caminhadas deverão ter cuidado porque esta zona tem cerca de 100 metros de altura e um passo em falso poderá causar um acidente fatal.
Nas minhas muitas visitas à Praia da Ursa é este o percurso que utilizo por ser mais rápido, mais fácil, e porque me dá uma melhor visão do areal para fotografar ou simplesmente meditar. Acreditem que é a vontade que dá estando com tal beleza natural à nossa frente.
Tenho que confessar ainda que nunca consegui visualizar a forma da ursa a olhar o céu, que conta a lenda, e agora muito mais difícil ficou após o desmoronamento de grande parte do rochedo ocorrido em Abril de 2011 e que foi captado pela fotografa Eliana Lemos.
Não existe hora ou maré perfeita para fotografar esta praia, porque todas as horas e marés são perfeitas. Recomendo uma lente grande angular, caso contrário não conseguirão fotografar o areal todo de uma só vez.
Na minha última visita demorei cerca de 8 minutos a subir de volta até ao parque de estacionamento, contudo, considerem uma média de 15 minutos para fazerem a subida com calma e com pontos de descanso pelo caminho. Uma garrafa de água vai dar muito jeito principalmente em dias mais quentes.
Podem voltar agora à zona do parque de estacionamento, ou então, a meio da subida, optar por um pequeno trilho à direita que vos pode levar diretamente ao trilho que desce para o areal. Mas quem não conhece não deverá arriscar porque um desses trilhos, que levava antes ao areal, foi o tal que desmoronou e deixou de dar acesso.
Este trilho à direita de que agora falo encontra-se mais ou menos a meio da subida, depois de um grande aglomerado de vegetação à direita e depois de passarmos por uma zona onde conseguimos ver o percurso que nos leva ao areal do outro lado da falésia.
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Se optaram no início por descer pelo percurso da esquerda, em direção ao areal da Praia da Ursa, ou se optaram por cruzar a meio o percurso que leva ao miradouro natural, preparem-se que a descida para o areal é mais complicada e exigente que o percurso da direita.
Existem mais zonas onde a areia pode estar solta e originar uma queda. Existe inclusive uma zona em que provavelmente terá que se agarrar às rochas porque é uma descida íngreme, rochosa e muito perigosa.
A única coisa que posso dizer é que quando chegarem ao areal, todo este esforço é recompensado.
Uma vez mais, recomendo calçado apropriado bem como roupa apropriada.
A subida que fiz do areal até ao parque de estacionamento demorou cerca de 17 minutos, segundo o meu GPS Tracker pelo que, deverá contar com cerca de 30 minutos de subida com calma e descanso para recuperar o fôlego, principalmente se estiver carregado com equipamento de praia.
Já no areal, todo o esforço da descida, e depois da subida que ainda terão que fazer, é recompensado com a vista assombrosa dos rochedos Ursa e Gigante, à direita.
Durante a maré baixa podem descobrir uma enseada a norte, de nome Pesqueiro do Abrigo, e a sul a Palaia. Mas tenham atenção porque facilmente podem perder noção das horas e se a maré enche poderão ter problemas porque as passagens ficam interrompidas pela água.
Com cerca de 100 metros de areal, a praia é realmente fantástica e sossegada, ou pelo menos era, tal como também já tinha falado da Praia Ribeiro do Cavalo, perto de Sesimbra.
Agora, com a facilidade da comunicação nas redes sociais e não só, esta praia que foi primeiramente frequentada por nudistas, arrisco dizer que no verão quase parece uma praia “normal” com muita gente no areal. Por essa razão deverá respeitar todos os outros veraneantes, principalmente os nudistas já que a praia está classificada como tal.
Por fim, deixo outra nota importante, como disse antes já por diversas vezes aconteceram desmoronamentos e derrocadas na Praia da Ursa pelo que, todo o cuidado é pouco, não só porque o acesso é muito difícil mas também porque não existe qualquer tipo de instalações ou equipamento apoio à praia.
Ainda no início de 2018 houve uma derrocada com uma vítima mortal a lamentar, e não foi o único caso até hoje.
Localização da Praia da Ursa
Coordenadas Google Maps: 38.7905562, -9.4922968 | Praia da Ursa no Google Maps
Coordenadas GPS: 38°47’26.0″N 9°29’32.3″W
9 Responses
As praias com difícil acesso são sempre as melhores. Aliás, quase todas as viagens que requerem um pouco de esforço a planear ou a chegar ao destino são sempre as melhores. Desconhecia esta praia, mas fiquei impressionado. Por momentos, comparei-a mentalmente (por causa das rochas) com os 12 Apóstolos, na Austrália. E as imagens capturadas convidam a uma visita!
Obrigado pelo comentário Jorge. Sem dúvida que esta praia convida a uma visita mesmo que não seja para fazer praia própriamente dita. Há anos que lá vou e todos os dias a paisagem tem algo de diferente. Parabéns pelo blog, não conhecia mas já está nos Favoritos 🙂 Abraço.
Eu gosto desses desafios, mesmo quando a praia não é “praia. Uma vez nas Seychelles foram duas horas para chegar a uma praia. O esforço valeu a pena e pelo que contas e mostras dessa em Sintra também vai valer no dia que visitar…
Obrigado Nuno. Comecei há pouco tempo a publicar no blog. Muitas histórias em papel, ainda muitas por “escrever na net”. Também já tenho o teu nos favoritos e no Facebook. Talvez nos encontremos um dia aí pela estrada das viagens 🙂 Abraço!
Recomendo então uma visita a este local fantástico. Outra praia semelhante é a Praia Ribeiro de Cavalo sobre a qual também escrevi à pouco tempo. É muito perto de Sesimbra e a cor da água faz lembrar ilhas paradisíacas do outro lado do Oceano. Se não conhece também recomendo 🙂 Abraço e continuação de boas fotos e artigos.
Ah, a Praia Ribeiro de Cavalo já conheço através de uns amigos. Mas só de nome, ainda não estive por lá 🙂
Abraço!
Não conhecia a praia, mas realmente as fotos são incríveis…. Portugal tem mesmo praias brutais e esta parece mesmo ser uma delas!!
Beijinhos ♥
Sem dúvida Ana Beatriz, Portugal está cheio de local fanstásticos por explorar!