O Santuário da Peninha, local também conhecido pela Capela de Nossa Senhora da Penha, fica situado no extremo Oeste da Serra de Sintra, a 488 metros de altitude, e contempla uma vista que vai desde o Cabo Espichel, a Sul, até à Ericeira, a Norte, quando os dias estão completamente limpos. Com alguma sorte conseguirão também ver as Berlengas e sem a necessidade de recorrer a binóculos.
O mais incrível é que poucas pessoas conhecem este fantástico miradouro com visão privilegiada sobre o Guincho, Cascais e até Lisboa onde se consegue identificar a Ponte 25 de Abril com relativa facilidade.
Conheço e visito este local há mais de 15 anos, ainda do tempo de quando era escuteiro e mais tarde de quando fazia downhill até à praia do Abano. É um excelente local para passeio de fim de semana onde pode ainda realizar umas caminhadas.
Se forem da Malveira da Serra, vão encontrar um espaço com diversas mesas de madeira onde muitos visitantes aproveitam para fazer refeições e conviver, principalmente aos fins de semana. Pelas imediações também vão encontrar certamente muitos ciclistas pelo que se aconselha cuidado redobrado nas estradas de acesso já que são estreitas.
A Capela de Nossa Senhora da Penha foi erguida por devoção popular, segundo a lenda com raízes do século XVI, na sequência da aparição de Nossa Senhora a uma pastorazinha muda e muito pobre de Amoinhas Velhas. A partir de então o local foi venerado pelas populações das redondezas.
A sua aparência atual parece ficar a dever-se ao ermitão S. Saturnino, Pedro da Conceição, que entre 1673 e 1711 que, com boa vontade da população e o apoio do monarca D. Pedro II, reconstruiu o tempo depois de a mesma ter sido reconstruída por diversas vezes já que a sua estrutura era inicialmente em pedra seca muito frágil.
O seu interior, que infelizmente desde que lá vou nunca pude ver a não ser através de uma janela na vertente ocidental, destaca-se pelo púlpito repleto de inscrições deixadas por sucessivas gerações de peregrinos e os magníficos painéis de azulejos do século XVIII que revestem toda a nave e são ilustrativos da vida da Virgem e de Jesus.
Lenda da Pastorinha
“Em tempos de fome no reinado de D. João III, Nossa Senhora apareceu a uma pastorinha de Almoinhas Velhas, muda e muito pobre, que a partir desse momento começou a falar e anunciou a sua mãe, incrédula, a existência de pão na arca da família. A imagem de N.ª Sr.ª que o povo encontrou no local da aparição foi por três vezes colocada na Ermida de S. Saturnino, e outras tantas vezes a foram reencontrar no alto do penhasco de difícil acesso.”
in Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas
A Ermida de S. Saturnino, uns metros a sudoeste, foi construída em meados do século XVI em local de culto que remonta ao tempo dos visigodos e ainda é possível ver evidências dos alicerces da primeira construção de origem medieval que supõe-se ter sido fundada por Pero Pais, companheiro de D. Afonso Henriques.
A história da ermida de S. Saturnino está ligada à Capela de Nossa Senhora da Peninha já que era local de culto das populações próximas, intensamente frequentada até finais da Idade Média.
As Casas dos Romeiros, pintadas com uma cor amarela que é impossível passarem despercebidas, foram construídas entre 1751 e 1761 e serviram para albergar os zeladores e acolher os inúmeros peregrinos que anualmente ali se deslocavam.
O Santuário da Peninha e todo o seu conjunto de construções pertence ao Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, encontra-se classificado no IIP como Imóvel de Interesse Público desde 1977.
Deste local, de pura magia e contemplação, poderão também observar o Cabo da Roca, na vertente Oeste, no entanto, convém informar que tendo em conta a exposição a fortes ventos marítimos este local encontra-se frequentemente envolto em nevoeiros ou com ventos muito fortes, mesmo em pleno Verão.
Mesmo com céu limpo, a probabilidade de ventos fortes é eminente pelo que a cautela com a roupa não é totalmente descabida, principalmente se a visita for realiza mais ao final do dia para ver o pôr-do-sol sobre o Oceano Atlântico.
Seguindo a linha da serra para a direita do farol do Cabo da Roca vão conseguir ver o topo de uma das rochas da Praia da Ursa que é sem dúvida outro local a explorar nesta zona de Sintra.
Deixo-vos um pequeno vídeo realizado por mim para terem uma perceção do campo de visão que é possível ter a partir deste local. Foi o meu primeiro filme gravado com drone, por isso, não esperem uma grande produção de vídeo mas conta a intenção.
Localização do Santuário da Peninha, Sintra
Coordenadas Google Maps: 38.768540, -9.460510 | Santuário da Peninha no Google Maps
Coordenadas GPS: 38°46’06.7″N 9°27’37.8″W
A melhor maneira de chegar ao Santuário da Peninha é irem em direção à Malveira da Serra, virar no cruzamento em direção ao centro de Sintra (Castelo dos Mouros, Lagoa Azul, Palácio da Pena, entre outros) e uns metros mais à frente virar em direção ao Convento dos Capuchos.
Vão percorrer uma estrada de empedrado e por fim alcatrão com uma curva acentuada à direita. Uns metros mais à frente, após uma curva à esqueda, vão encontrar outro pequeno cruzamento também com a indicação do Convento dos Capuchos. A partir daí já é mais fácil chegar ao Santuário da Peninha, mas a estrada até lá é muito estreita e ao cruzarem com outro veículo de frente pode ser complicado, por isso todo o cuidado é pouco.
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9 comentários
Gostei além de útil.
Bom trabalho!
Obgs
Muito obrigado pelo feedback 🙂
Parabéns,adorei o seu blog!
Amo viajar também.
Bjs.
Obrigado pelo feedback, fico feliz por ter gostado 🙂
Boa tarde. Desde já o meu bem-haja por este e todos os outros posts neste belíssimo blog! Uma questão: este caminho que indicou é alcatroado? Visto que tenciono ir de mota, era importante saber 🙂
Boas viagens <3
Olá Inês e obrigado pelas palavras 🙂 Sim, ambos os percursos que marquei no mapa são alcatroados, em boas condições, onde apenas recomendo atenção redobrada porque são estradas de serra estreitas e com muitas curvas com pouca ou nenhuma visibilidade. Acabei por marcar os percursos porque soube de várias pessoas que marcaram o ponto no Google e este mandou por caminhos de serra que nem seriam transitáveis. Os últimos 100 metros, já mesmo a chegar à zona de parque, é que serão de terra batida, mas só no inverno costuma ser mais complicado por causa da água que pode acumular, de resto penso que não terá qualquer problema. Já lá fui bastantes vezes em passeio também de mota e recomendo! Boas curvas 🙂
«Há quem diga que se consegue ver as Berlengas mas provavelmente só recorrendo a equipamento auxiliar como binóculos.»
Ontem, 7/11/2021, viam-se perfeitamente, a olho nu. Na fotografia com zoom (125 X), é possível identificar até o farol do Farilhão Grande (um ponto branco no topo), que fica a 80 km. A Berlenga propriamente dita (a 72 km) vê-se com boa definição (farol, bairro dos Pescadores, etc.)
É verdade sim Mário, por acaso nas últimas vezes que lá estive também fui capaz de ver as Berlengas a olho nu, coisa que não pensava que fosse possível. Obrigado pelo feedback 🙂 vou corrigir o artigo nesse ponto.
¡Ese lugar es tan hermoso! ¡Me encantaría ir allí! ¡Y tus fotos son preciosas!