O Castelo de Almourol, no meio do rio Tejo, é tão enigmático como emblemático da Reconquista Cristã, não só pelo seu significado, mas também pela paisagem envolvente.
Situado na freguesia de Praia do Ribatejo, concelho de Vila Nova da Barquinha, Santarém, é considerado por muitos como um dos mais belos Castelos de Portugal.
A sua localização é muito frequentemente atribuída a Tancos, pela proximidade, e o Castelo de Almourol tem vistas fantástica seja da margem sul ou margem norte do rio Tejo.
Numa pequena ilha escarpada de granito a 18 metros acima do nível das águas, com pouco mais de 300 metros de comprimento e 75 de largura, é um dos monumentos militares medievais mais significativos, e provavelmente o que melhor evoca a memória da Ordem dos Templários em Portugal.
Classificado como Monumento Nacional, por decreto de 16 de junho de 1910, foi durante o Estado Novo, residência oficial da República Portuguesa.
Quando visitei o Castelo de Almourol fiz a aproximação pela margem sul, através da Nacional 118, mas também visitei a margem norte, e recomendo, pela proximidade ao castelo. São 12 km de distância/ 15 minutos.
Nesse dia estavam a ser realizados exercícios militares, tanto em terra como no céu. Os carros militares no parque de estacionamento e o som dos caças era ensurdecedor a cada passagem, mas nem isso impediu-me de apreciar tão bela paisagem que me esperava.
O Miradouro do Almourol, na margem sul do rio, foi construído em forma de anfiteatro e constitui uma das mais bem conseguidas intervenções de todo o projeto. Quem o visita pode descer desde o edifício até à beira rio, aproximando-se do Castelo de Almourol e deixando-se envolver por uma atmosfera de mistério a que as suas memorias o conduzem.
O projeto é da autoria do arquiteto Bruno Soares e é valorizado por uma escultura de João Cutileiro – O Guerreiro.
Daqui desfruta-se a magnifica paisagem do Castelo de Almourol, envolvido pelas águas do rio, qual sentinela intemporal dos que navegam no Tejo ou percorrem as suas margens, e é o melhor local para fotografar a qualquer hora do dia pela sua posição relativamente ao sol.
O miradouro encontra-se servido por um bar/cafetaria que no dia em que o visitei encontrava-se fechado.
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A sua origem divide os autores que não são unânimes acerca da primitiva ocupação humana deste sítio, acreditando-se que remonte um castro pré-histórico. A pesquisa arqueológica trouxe à luz testemunhos do período romano (moedas do século I a.C.) e do período medieval (medalhas).
Contudo, em 1129, aquando da conquista pelas tropas portuguesas, sabe-se que este castelo já existia com o nome Almorolan (Al-Morolan que significa “pedra alta”). A ilhota granítica foi depois incluída nas terras entregues à guarda dos Templários. Segundo uma inscrição existente na entrada, as obras de reconstrução datam de 1171.
A Ordem dos Templários ficava assim encarregado do povoamento do território entre o rio Mondego e o Tejo, e da defesa da então capital de Portugal, Coimbra.
A estrutura tornou-se um ponto nevrálgico da zona do Tejo, controlando o comércio de trigo, azeite, carne de porco, frutas e madeira entre as diferentes regiões do território e Lisboa e juntamente com os castelos de Tomar, do Zêzere e da Cardiga formava a linha defensiva do rio Tejo.
Em 1311, com o avanço da reconquista para o sul e a extinção da Ordem dos Templários, D. Dinis entregou o castelo à Ordem de Cristo, da qual foi, até 1834, próspera comenda (avaliada em 440 mil réis, durante o século XVIII).
Este acabou depois por cair no esquecimento, sendo recuperado pelo espírito romântico do séc. XIX, que orientou o seu restauro e lhe conferiu o aspeto que tem atualmente.
Existem várias lendas que caracterizam o romantismo associado ao Castelo de Almourol, entre as quais:
“Aí pelos séculos IX ou X, era dono do castelo um senhor Godo chamado D. Ramiro, casado e tendo uma filha única de nome Beatriz. Valoroso soldado era, todavia, rude, orgulhoso e cruel como a maioria dos senhores de sangue gótico.
Ao regressar de uma das suas sortidas de guerra e orgulhoso dos seus feitos que em grande parte se cifravam em inúmeras atrocidades encontrou já próximo do Castelo duas moiras, mãe e filha, que embora infiéis reconheceu serem lindas como sua esposa e filha, que deixara em seu solar.
Fatigado da viagem e sedento, D. Ramiro interpelou as moiras para que cedessem a água que a mais jovem transportava na bilha.
Assustada pela figura e tom de voz do feroz cavaleiro, a pequena moira deixou que a bilha se lhe escapasse das mãos e quebrando-se, perdeu o precioso líquido que D. Ramiro tanto desejava.
Encolorizado e cego de raiva, este de pronto enristou a lança e feriu as duas desgraçadas que antes de morrerem, o amaldiçoaram. E porque surgisse entretanto um pequeno moiro de 11 anos, filho e irmão das assassinadas o tornou cativo e trá-lo para o Castelo.
Chegado que foi a Almourol o moço viu a mulher e a filha de D. Ramiro e jurou fazer nela a sua vingança.
Passaram anos. A castelã adoece e pouco a pouco se foi definhando até morrer, em resultado do veneno que lhe vinha ministrado o cativo agareno.
O desgosto de evento leva D. Ramiro a procurar na luta contra os infiéis, refrigério para a sua desdita e parte confiando a guarda da sua filha ao jovem mouro, que fizera seu pagem, dada a docilidade e cortesia que o mesmo sempre astuciosamente revelara.
Aconteceu, porém, que os dois jovens ignorando as diferenças de condições e de crenças, em breve se enamoraram, paixão contra a qual o mancebo lutou desesperadamente, mas em vão, dado que tal amor lhe impedia de consumar a sua vingança.
Mas não há bem que sempre dure e o encanto e a felicidade dos dois jovens são desfeitos pelo regresso de D. Ramiro que se fazia acompanhar por outro castelão, a quem prometera a mão de sua filha.
O moiro, então alucinado e perdido, contou tudo a Beatriz as crueldades do pai, as promessas de vingança o envenenamento da mãe e a luta que travara entre o amor e o juramento que fizera.
Não se sabe o que se seguiu a esta confissão. Diz entretanto a lenda, que Beatriz e o moiro desapareceram sem que mais houvesse notícias deles, e D. Ramiro, cheio de remorsos e de desgosto morreu, pouco depois, ficando abandonado o Castelo.
Conta a lenda que em certas noites de luar se vê o moiro abraçado a D. Beatriz e D. Ramiro a seus pés, a implorar clemência sempre que o moiro solta a palavra “maldição”.
Deste modo o viajante que por ali deambule, não deverá se surpreender se, em certas noites de luar, vir passar por entre as ameias as vestes brancas dos templários com a cruz de sangue sobre o peito de D. Beatriz e o moiro unidos por um abraço eterno.
Talvez consiga ouvir mesmo, por entre o rumorejar das águas, os soluços de D. Ramiro.”
“No século XII era senhor de Almorol um emir árabe chamado Almorolon, do qual pretendem alguns que o Castelo tomou o nome.
Nele habitava um moiro com uma filha, formosíssima donzela que adorava.
Quiseram os fados que a bela jovem se enamorasse dum cavaleiro cristão, a tal ponto que a paixão lhe revelou o modo e a arte de o introduzir de noite no Castelo a que se habituara, em repetidas incursões amorosas, franquear a porta deste a companheiros seus que perto embuscados aguardavam.
E assim foi o Castelo traiçoeiramente conquistado. Mas desiludida e triste vitória foi esta, que o emir e sua filha, estreitamente abraçados, lançaram-se das muralhas do castelo ao rio, preferindo tal morte ao cativeiro resultante de tão vi derrota.”
“Ao Castelo vieram ter as princesas Miraguarda e Polinarda, com as suas donas e donzelas a que o gigante Palmeirim de Inglaterra deu hospitalidade e as tratou com a maior das atenções ainda que as tivesse suas prisioneiras.
Não tanto pela bela Miraguarda, essa que a natureza fez estremeada de bem parecer e formosura, mas antes pela sua dama Polinarda, Palmeirim tenta raptá-las e salta para a esplanada do castelo.
Mas aì estava o Cavaleiro Triste, vencedor dos maiores campeões daquela época e que era apaixonado por Miraguarda.
Desafiando Palmeirim para um passo de armas, o feriu tendo Palmeirim de ser curado das suas feridas em uma vila a 3 km do Castelo.
Entretanto o Gigante Dramusiando que anteriormente Palmeirim vencera, convertido à fé cristã se fizera seu amigo e companheiro, tendo notícias de grandes forças de Almourol quis medi-las com ele e venceu.
Dramusiando ficou então senhor do Castelo e desde então ficou de guarda às princesas, obrando maravilhas de força e valor.”
Textos retirados do website da Camara Municipal de Vila Nova da Barquinha em cm-vnbarquinha.pt
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Visitas ao Castelo de Almourol e Centro de Interpretação Templário
Abertura
1 de maio a 30 de setembro: aberto todos os dias
1 de outubro a 30 de abril (encerra à 2.ª feira)
Horário de Verão
(1 de março a 31 de outubro)
10h às 13h (última passagem para o Castelo às 12h20)
14h30 às 19h00 (última passagem para o Castelo às 18h20)
Horário de Inverno
(1 de novembro a 29 de fevereiro)
10h às 13h (última passagem para o Castelo às 12h20)
14h30 às 17h30 (última passagem para o Castelo às 16h40)
Nota: Todas as passagens são interrompidas caso não haja segurança de navegação, devido a intempéries, caudal elevado do rio ou por ordem dos responsáveis.
Partidas Fluviais do Cais junto ao Castelo
Acesso à ilha e ao castelo (entrada no castelo) em embarcações com capacidade para 20 pessoas e entrada no Centro de Interpretação Templário de Almourol.
Preço:
4,00 €/ pessoa (incluí entrada no Centro de Interpretação Templário, Vila Nova da Barquinha)
Coordenadas Google Maps: 39.462666, -8.382248 | Cais de Embarque no Google Maps
Coordenadas GPS: 39°27’45.6″N 8°22’56.1″W
Partidas fluviais do cais de Tancos
Passeio fluvial em embarcação com capacidade para 50 pessoas com embarque no Cais D’El Rei, em Tancos, paragem para visita à ilha e ao castelo, regresso a Tancos e entrada no centro de Interpretação Templário de Almourol (V. N. Barquinha).
Serviço efetuado apenas mediante marcação prévia.
Horário: 3.ª a domingo, com partidas de hora a hora;
1 novembro a 28 fevereiro: 10h às 13h; 14h30 às 17h;
1 março a 31 outubro: 10h às 13h; 14h30 às 19h.
Preços para grupos com marcação prévia:
• Até 5 pessoas: 6,00 €/pax
• De 5 a 14 pessoas (inclusive): 5,50 €/pax
• A partir de 15 pessoas: 4,00 €/pax
Coordenadas Google Maps: 39.458649, -8.398551 | Cais de Tancos no Google Maps
Coordenadas GPS: 39°27’31.1″N 8°23’54.8″W
Contactos, Reservas e Informações
Junta de Freguesia de Tancos
Telefone: 249 712 094 | Telemóvel: 962 625 678
Email: jftancos@gmail.com
Visitas Guiadas, Informações e Marcação de Visitas
Posto de Turismo Centro Cultural de Vila Nova da Barquinha
Largo 1º de Dezembro
2260-403 Vila Nova da Barquinha
Telefone: 249 711 550 | Telemóvel: 927 228 354
Mais informações em www.cm-vnbarquinha.pt
Localização do Castelo de Almourol
Coordenadas Google Maps: 39.458748,-8.399042 | Castelo de Almourol no Google Maps
Coordenadas GPS: 39°27’43.5″N 8°23’02.1″W
5 Responses
Muito interessante esse castelo! Adorei o post 🙂
Obrigado Diana. O castelo e toda a zona envolvente merece uma visita 🙂
Gostei muito do seu artigo, gosto muito de castelos…
https://destinostopparavisitar.com/castelo-de-almourol-tesouro-medieval/
Obrigado pelo comentário 🙂