O Jardim do Paço Episcopal, em Castelo Branco, é um dos exemplos mais originais do Barroco em Portugal.
Em formato retangular, é dominado por balcões e varandas com guardas de ferro e balaústres de cantaria. Tem cinco lagos, todos eles com bordos trabalhados, nos quais estão montados jogos de água. Mas foi o número elevado de estátuas que me impressionou mais e os temas representados.
A entrada atual do jardim faz-se pela Rua Bartolomeu da Costa, de frente para o Parque da Cidade, que também é um local a não perder numa visita a Castelo Branco. O desenho do Jardim do Paço Episcopal obedeceu ao espírito do lugar, quer no que diz respeito aos canteiros quer à escadaria que conduz à parte superior.
Com cerca de 5418 m2 foi encomendando pelo Bispo da Guarda, D. João de Mendonça, depois da sua chegada de Roma, que também orientou as obras do jardim.
Pode dizer-se que o jardim se divide em quatro zonas distintas, mas ao mesmo tempo interligam-se não perdendo a sua identidade e beleza: a entrada, o patamar do buxo, o patamar superior e o jardim alagado.
A ENTRADA atual do jardim faz-se pela Rua Bartolomeu da Costa, desde 1936, ano em que foi projetada pelo engenheiro Manuel Tavares dos Santos.
Os murais foram revestidos a azulejaria com memórias antigas da cidade e com os retratos dos dois bispos impulsionadores da construção do jardim.
No início da escadaria é possível contemplar os arcanjos e o anjo da guarda de Portugal, também conhecido como Santo Anjo da Guarda de Portugal, Anjo Custódio de Portugal e Anjo da Paz. O São Miguel Arcanjo representa Portugal na sua essência espiritual que protege a nação portuguesa.
Já no JARDIM DO BUXO, de planta retangular, é a zona principal do jardim e encontra-se dividida em 24 talhões, limitados por sebes e banquetas de buxo, e tem ainda cinco lagos com repuxos em alusão às 5 chagas de Cristo.
Para além de tudo isto, são as inúmeras estátuas organizadas por percursos iconográficos, que na minha opinião, fazem deste jardim um local de beleza único.
Ao percorrermos o jardim vamos encontrar as quatro estações do ano, o ciclo do Zodíaco, os continentes, as três virtudes da teologia – Fé, Esperança e Caridade – as quatro virtudes cardeais – Justiça, Prudência, Fortaleza e Temperança – e uma virtude moral, a Lisura.
Este artigo também pode interessar: Aldeias de Portugal: Talasnal, onde Reina a Natureza.
Nos quatro cantos do jardim encontramos os símbolos da compreensão da vida natural e espiritual – a morte, o juízo, o inferno e o paraíso. Estas significam que quando morremos, a alma é pesada pelo anjo do juízo que, mediante a avaliação das suas ações, a condena a uma pena perpétua enviando-a para o inferno, ou a recompensa eterna enviando-a para o paraíso.
A vigiar toda esta zona do jardim está João Batista, o precursor de Cristo.
Já no PATAMAR SUPERIOR do jardim, este é uma plena alusão permanente à água.
O tanque armazenava a água indispensável à rega do jardim e ainda servia para presentear os bispos, que nele tiveram uma canoa e um batel.
Podemos ainda encontrar Santa Ana e a Samaritana que ladeiam a cascata, e Maria Madalena, padroeira dos jardineiros, na porta do estrume que antigamente dava para um dos olivais do paço.
No varandim para o jardim alagado, encontramos ainda a quarta dinastia dos monarcas portugueses até D. José I e na escadaria desfilam os monarcas da 1ª e 2ª dinastias, além do Conde D. Henrique.
O JARDIM ALAGADO, que tem uma melhor visão a partir do patamar superior, é um conjunto de canteiros de forma trapezoidal que provoca um efeito visual fantástico. Com a sombra do edifício contíguo perde um pouco a sua beleza, mas mesmo assim foi um dos locais que mais apreciei de todo o jardim por ser tão único.
Entre o jardim alagado e o patamar do buxo encontramos o lago das coroas, com três peças de repuxos, que em dias ensolarados cria reflexos e cores perfeitas. Os jogos de água únicos no país – os famosos giochi à italiana – surpreendem os visitantes descuidados.
No lado oposto, do lado da rua Bartolomeu da Costa, existe uma outra escadaria na qual encontramos os apóstolos identificados pelo símbolo do seu martírio, e no topo, já com vista para o Parque da Cidade, o Conde D. Henrique.
Este artigo também pode interessar: Viagem: Três dias pelo Alto Alentejo e Beira Baixa.
Enquadramento Histórico do Jardim do Paço Episcopal
Na cultura ocidental, o conceito bíblico do Éden serviu de matriz às inúmeras propostas de jardins ao longo dos tempos. Por isso, todo e qualquer jardim evoca de uma forma imperfeita o Paraíso na terra.
O Jardim de S. João Baptista fazia parte de uma vasta e complexa unidade agrária, paisagística e estética que costuma designar-se por “logradouros do Paço Episcopal de Castelo Branco”. No séc. XVIII, esta unidade era composta por dois olivais, uma vinha, a coelheira (para fins exclusivamente gastronómicos) o bosque, as hortas ajardinadas e o jardim propriamente dito – tudo isto circundava a residência do bispo.
O paço serviu de residência permanente a vários bispos da Guarda e, a partir de 1771 até 1831, aos da recém criada Diocese de Castelo Branco. A partir de 1834 foram criados vários serviços públicos no paço e os logradouros conheceram então um abandono sem precedentes.
Em 1911 o jardim passa para a tutela da Câmara Municipal, por arrendamento, consequência da lei da separação do Estado das igrejas, e no ano seguinte abre as suas portas ao público, no dia 5 de Outubro, para comemorar o segundo aniversário da implantação do regime republicano. Em 1919 é comprado e passa a jardim municipal.
O Jardim do Paço Episcopal (ou de S. João Batista) foi mandado construir pelo bispo da Guarda, D. João de Mendonça, cerca de 1720, depois da sua chegada de Roma, onde vivera três anos. Desconhece-se o paradeiro do risco primitivo (provavelmente perdido com o terramoto de 1755) bem como o autor dele.
Suspeita-se, porém, que possa ter sido um arquiteto italiano: quer já pela quantidade de elementos florais que denuncia uma clara influência do estilo italiano de fazer jardinagem quer já por encomendas análogas de figuras eclesiásticas portuguesas feitas na mesma época.
No entanto, várias datas inscritas no jardim atestam certamente o termo de algumas obras: na base da estátua de S. João Baptista (a quem ele é dedicado) e na de Maria Madalena acha-se a data de 1725; na tábua da lei que Moisés segura, com a súmula: “Ama o Senhor teu Deus e o próximo como a ti mesmo” pode ver-se a data de 1726.
Por outro lado, conhece-se documentação que certifica ter sido no mesmo ano de 1726 que o passadiço foi lançado sobre a antiga Rua da Corredoura – para ligar os vários espaços da quinta de recreio sem recurso a ruas públicas e para dar acesso à casa de chá.
A ignorância acerca dos seus aspetos originais vai sendo combatida, cada vez com maior eficácia: estudos recentes chamam a atenção para as punções de ferreiro encontradas nos corrimãos e para as marcas de canteiro dos lagos.
Texto do Enquadramento Histórico adaptado de www.cm-castelobranco.pt
Horários do Jardim do Paço Episcopal
Aberto todos os dias da semana.
De Abril a Setembro: 09:00 – 19:00
De Outubro a Março: 09:00 – 17:00
Preços de Acesso ao Jardim do Paço Episcopal
Crianças até aos 10 anos: gratuito
Bilhete Normal (dos 11 aos 64 anos): 2,00 €
Pessoa com idade igual ou superior a 65 anos: 1,00 €
Grupos (12 ou mais pessoas em visita simultânea) (por pessoa): 1,00 €
Professores e alunos (desde que comprovada documentalmente a sua condição): gratuito
Investigadores, jornalistas e profissionais de turismo (devidamente credenciados): gratuito
Grupos organizados de Instituições Particulares de Solidariedade Social: desconto de 50%.
Entidades sem fins lucrativos: gratuito
Entrada Gratuita: Manhãs (Desde a abertura até às 13:00) do 1.º Domingo de cada mês.
Contactos e mais Informações
Rua Bartolomeu da Costa
Tel. (+351) 272 348 322
geral@albigec.pt
Alojamentos em Castelo Branco
Hotel Império do Rei, 1 km do centro (foi onde fiquei alojamento, boa relação preço/qualidade)
Situado num edifício icónico, está localizado no centro histórico e disponibiliza Wi-Fi gratuito.
Hotel Rainha D. Amélia, Arts & Leisure, 250 m do centro
Localizado no coração da área comercial, tem um terraço com área para relaxar e vistas panorâmicas para a cidade.
Boutique a Esplanada, 350 m do centro
Tem acesso Wi-Fi gratuito, casa de banho privativa em todas as unidades e o pequeno-almoço é servido no quarto.
Casa 92, Os Lugares de Castraleuca, 850 m do centro
Todas as unidades incluem uma kitchenette equipada, e os Jardins do Paço Episcopal ficam apenas a 600 metros.
Mélia Castelo Branco, 700 m do centro
Localizado no topo de uma colina, oferece vistas panorâmicas para Castelo Branco. Tem piscina interior e sauna.
HI Castelo Branco, Pousada da Juventude, 300 m do centro
Com sala de pequenos-almoços self-service, salão partilhado para socializar socializar e relaxar.
Al Amoreirinha Rui Barata, 900 m do centro
A 400 m dos Jardins do Paço Episcopal, tem um pátio, estacionamento privado gratuito e acesso Wi-Fi gratuito.
Localização do Jardim do Paço Episcopal
Coordenadas Google Maps: 39.828100, -7.493667 | Jardim do Paço Episcopal no Google Maps
Coordenadas GPS: 39°49’41.2″N 7°29’37.2″W