O Castelo de Abrantes, também referido por vezes como Fortaleza de Abrantes, é uma construção marcante na história da cidade com uma vista única, e de grande beleza, e sofreu diversas reconstruções e alterações profundas ao longo dos séculos.
Com posição dominante no cimo da colina, na margem direita do rio Tejo, pertence a um conjunto de fortalezas que fazem parte da Região de Turismo dos Templários.
Desconhecem-se as verdadeiras origens do Castelo de Abrantes, acreditando a maioria dos estudiosos que teve origem num castro conquistado, no âmbito da Invasão romana da Península Ibérica, no ano de 130 a.C., pelo cônsul Decimus Junius Brutus.
Este império terá sido substituído por outros dois, Visigodos e Muçulmanos, que sucessivamente ocuparam este território argumentando que o local constituía uma encruzilhada de vias terrestres, justificando a sua ocupação e guarnição militar
Abrantes foi mais tarde conquistada aos Mouros por D. Afonso Henriques, por volta de 1148, que mandou construir melhores defesas, tarefa que foi continuada pelos monarcas seguintes, mas é com D. Afonso III, que são implementadas as mais importantes melhorias, como a construção da Torre de Menagem, com obras que se prolongam até 1300, já no reinado de D. Dinis.
No Castelo de Abrantes vais encontrar a Torre de Menagem, o Palácio dos Governadores ou dos Alcaides, e a Igreja de Santa Maria do Castelo, transformada hoje num Museu. Está classificado como Imóvel de Interesse Público, e beneficiou de obras de consolidação e restauro nas muralhas e na Torre de Menagem.
Palácio dos Governadores
Logo após passarmos as muralhas do Castelo de Abrantes, na entrada nascente, encontramos o Palácio dos Governadores, ou pelo menos as ruínas que restam dele.
É possível perceber o impacto elevando-se acima das muralhas com uma frente majestosa assente sobre uma galeria, virada para a cidade, bem como algumas salas abobadadas, nomeadamente 11 vãos intercomunicantes, cobertos por abóbadas de berço, com tijolo, dos séculos XVII-XVIII.
Passados dois séculos, no século XV, e seguindo uma linha de pensamento da grande nobreza em transformar os antigos castelos para edificar os Paços Senhoriais, o de Abrantes não fugiu à regra.
Igreja de Santa Maria do Castelo
A Igreja de Santa Maria do Castelo, ou Igreja Paroquial do Castelo, está implantada dentro das muralhas do Castelo de Abrantes e presume-se ter sido mandada construir por D. Afonso II, em 1215. A simplicidade é a característica principal deste monumento, tanto na fachada exterior como no seu interior.
Em 1429 foi destruída por um sismo e reconstruída entre 1433 e 1451 por ordem do Alcaide-Mor, D. Diogo Fernandes de Almeida e em 1910 foi classificado como Monumento Nacional.
A Igreja alberga aos dias de hoje o Museu D. Lopo de Almeida, fundado em 1931 e que conta com diversas coleções museológicas, destacando-se a escultura tumular do gótico flamejante e do século XVI.
A igreja encontra-se num pequeno adro e defronte do templo está, em campa rasa, a sepultura do primeiro Marquês de Abrantes, D. Rodrigo Anes de Almeida Meneses, membro fundador da Real Academia Portuguesa de História.
Composta por uma só nave, o corpo da igreja é coberto por teto em madeira. O seu interior constitui-se como um panteão funerário da família dos Almeidas. Na capela-mor veem-se os mais antigos túmulos, do flamejante gótico quatrocentista, com os restos mortais do refundador da igreja, D. Diogo Fernandes de Almeida e de D. Lopo de Almeida, primeiro Conde de Abrantes.
Na capela-mor são ainda visíveis alguns azulejos quinhentistas mudejares e parte do retábulo inicial com o seu baldaquino, obra do século XVI, que conserva ainda uma tábua pintada alusiva à Adoração dos Reis Magos.
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Torre de Menagem
Mandada construir por D. Dinis, em 1300, a Torre de Menagem situava-se precisamente no centro do recinto fortificado, uma característica que não é frequente na arquitetura militar gótica.
É possível subir ao topo e é detentora de uma das mais belas panorâmicas da região, na qual podemos ter uma visão de 360 graus, num raio que pode chegar aos 70 km, permitindo contemplar variadas paisagens sobre a lezíria ribatejana, a charneca alentejana e as serranias da Beira.
Sendo este elemento que melhor espelha a fase Dionísia, apresenta uma planta quadrangular e de uma rigorosa simetria. Originalmente com três pisos, os pisos superiores ruíram com o terramoto de 1531, e assim ficou até agora, apesar de terem sido realizadas obras no século XIX, das quais ficou bastante adulterada.
Castelo de Abrantes
Horário: de terça-feira a domingo
Verão, das 10h00 às 18h30; Inverno, das 09h00 às 17h00
Encerra à segunda-feira e nos feriados de 1 de janeiro, 1º de maio e dia de Natal.
Panteão dos Almeida (Museu)
Horário: de terça-feira a domingo
Verão, das 10h00 às 12h30 e das 14h00 às 18h30; Inverno, das 09h00 às 13h00 e das 14h00 às 17h00
Encerra à segunda-feira e nos feriados de 1 de janeiro, 1º de maio e dia de Natal.
Lenda de Abrantes
O Castelo de Abrantes foi conquistado aos Mouros por D. Afonso Henriques, na madrugada do dia 8 de Dezembro do ano de 1148.
Era, então, Alcaide do Castelo um velho mouro chamado Hibrahim-Zaid, ou Abraham-Zaid no idioma dos cristãos. Esse mouro era senhor de quase todas as terras da Ribeira da Abrançalha, antigamente chamada Ribeira da Nossa Senhora da Luz, devido à Ermida que lá existia e na qual se venerava com muita devoção a mesma Senhora.
Os Cristãos ganharam muita afeição a Abraham-Zaid, pois este deixava-os fazer as suas orações na Ermida e como ele era dono de todas as terras ali existentes, começaram a chamar Ribeira de Abraham-Zaid à Ribeira de Nossa Senhora da Luz. Daí terá derivado, com os tempos, para o termo de Abrançalha.
Hibrahim-Zaid tinha uma filha donzela muito bonita, formosa e gentil chamada Záhára, e um filho bastardo chamado Samuel, filho de uma Cristã. Samuel desconhecia que Hibrahim-Zaid era seu pai e assim amava extremosamente a sua irmã, recebendo dela igual afecto, sem que o pai de ambos tivesse conhecimento da situação. Depois de D. Afonso Henriques ter conquistado o Castelo de Abrantes aos Mouros, Samuel foi feito prisioneiro pelo valente cavaleiro Machado.
Vendo que um dos soldados cristãos levava arrebatada a infeliz filha do Alcaide, o cavaleiro Machado deixou Samuel entregue aos guardas e correu a socorre-la salvando-a com arrojo esforçado e foi entregá-la a um monge de São Bento que acompanhava o Rei desde o Mosteiro de Lorvão.
O Cavaleiro Machado sempre tinha sonhado que um dia, ao subir aos muros de um castelo, salvaria uma donzela com quem casaria. D. Afonso Henriques tinha um filho “bastardo”, Pedro Afonso, e nomeou-o Alcaide-Mor do Castelo de Abrantes, tendo, contudo, ficado o Cavaleiro Machado a exercer essa função em nome de D. Pedro Afonso. Antes de partir, D. Afonso Henriques dá ordens para que Záhára seja entregue novamente a seu pai e depois de tomar providencias para a segurança do castelo, partiu para mais conquistas aos Mouros.
O Cavaleiro Machado, vendo-se agora Alcaide do Castelo, atribuiu à providência de Deus a escolha que o Rei D. Afonso Henriques fizera. No dia seguinte, Samuel visitou Záhára em casa desta. Bebendo um pouco de água, deu-lhe a conhecer a antipatia que sentia pelo Cavaleiro Machado. “Este novo Alcaide Cristão, ocupou o lugar que era de teu pai e como se não bastasse está constantemente de roda de ti. Não gosto nada dele e tenho receio que se intrometa no nosso amor…”
Záhára: “Não digas isso, bem sei o que queres dizer, mas o meu coração é teu, serte-ei fiel. Embora o Cavaleiro Machado me seja muito gentil!”. Abraham-Zaid entra de repente e sem suspeitar do amor de Samuel por Záhára, sua irmã, defende, contudo que Samuel deve tratar bem o Cavaleiro Machado. “Sabes Samuel, não tens motivos para queres mal ao Cavaleiro Machado. Sabes, meu filho, o Cavaleiro Machado é boa gente. Tem sentimentos nobres e é honrado!”
Samuel aceita as palavras deles e sorri. Depois de Záhára lhe ter confirmado o seu amor, fica feliz. “Bom, então agora que tudo está esclarecido, vamos cada um à sua vida na graça de Deus. Até logo”. Záhára, de uma forma irreflectida, após a jura de amor recíproca com Samuel, incendiou novamente a situação. “Mas pai, se acaso vier o Alcaide procurar-me e o pai não estiver em casa, devo recebe-lo?”
Para se esquivar ao Cavaleiro Machado e deixar Samuel feliz, continuou: “Penso que é melhor não lhe abrir a porta e deixá-lo a pensar, que não está ninguém em casa, mas o que é que o pai acha?” Abraham-Zaid, não compreendendo a interrogação de sua filha, interpretou-a como uma ofensa ao Cavaleiro Machado e respondeu: “Eu nada temo, nem receio da tua virtude, Záhára… e tenho provas da confiança e da honradez do alcaide…, ABRE ANTES a porta!”
Samuel, ouvindo estas palavras da boca de Abraham-Zaid, perdeu o juízo e começou a desacreditar Záhára e seu pai, fazendo crer na desonra da donzela. Afirmando… ABRE-ANTES, ABRE-ANTES…
Estas palavras desfiguradas na boca do povo, causaram também má fama ao Cavaleiro Machado, que se tornou alvo das conversas de toda a gente. ABRE-ANTES… Daí em diante, o castelo deixou de ser conhecido como Castelo de Tubucci para passar a ser conhecido como Castelo de ABREANTES, derivando mais tarde para ABRANTES. Apesar de tudo o Monge conseguiu fazer com que Samuel deixasse de difamar Záhára e o Cavaleiro Machado. A palavra persistente do Monge acabou por conseguir converter Záhára e Abraham-Zaid ao cristianismo. O Monge e Samuel passaram a ser bons amigos e Samuel encontrou o caminho da salvação.
Samuel acabou por se tornar um valente Cavaleiro, ajudando D. Afonso Henriques nas difíceis batalhas que se seguiram… Juntos lutaram contra os Mouros, em batalhas valorosas , alcançando grandes vitórias…ajudando a construir Portugal… com a ajuda de Deus.
Entre Záhára e Machado cresceu, entretanto, um sentimento de Amor. Machado: “Se aceitares ser minha, farte-ei feliz para o resto das nossas vidas”. A paixão entre eles era já uma realidade! Záhára: “É claro que aceito ser tua mulher. Seremos felizes para sempre”.
Alguns anos depois, enquanto D. Afonso Henriques continuava, algures, a construir Portugal, Machado entretém-se a brincar com os filhos, perante o olhar atento de Záhára, num final de tarde quente em Abrantes.
em “História de Abrantes aos quadradinhos”
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Jardim do Castelo de Abrantes
O Jardim, um dos mais antigos da cidade e que rodeia parte do Castelo de Abrantes, pode ser visitado a sul das muralhas. A entrada fica perto do Parque de Skate, na Rua Dom Francisco de Almeida com a Rua de São Pedro.
A criação deste jardim data do final do século XIX e é muito procurado quer pelos moradores de Abrantes quer por visitantes da cidade. É provavelmente um dos locais mais fotografados da cidade, uma vez que a harmonia dos espaços verdes e do colorido das flores, com a paisagem circundante, formam um quadro digno de bilhete-postal.
Daqui vais poder observar uma bonita paisagem sobre a cidade e sobre o rio Tejo, mas também explorar os recantos floridos cheios de romantismo e o pequeno lago com cisnes.
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ONDE DORMIR EM ABRANTES
Quinta de Coalhos
Com uma piscina exterior sazonal, comodidades para churrascos e um parque infantil, disponibiliza também acesso Wi-Fi e estacionamento privado no local de forma gratuita. Existe um salão partilhado e podes ainda desfrutar de várias actividades nas imediações, tais como passeios de cavalo, canoagem e caminhadas.
Quinta das Arribas
Disponibiliza uma piscina exterior, Wi-Fi gratuito e vistas para o rio Tejo e para o Castelo de Abrantes. É composta por 2 casas separadas tendo a mais pequena 1 quarto com cama de casal e a outra 2 quartos. Ambas as casas são auto-suficientes, uma vez que têm uma cozinha ou uma kitchenette. Também podes realizar refeições ao ar livre e apreciar a paisagem ribatejana, assim como usufruir das comodidades para churrascos.
Monte das Pedras
Com uma piscina privada, um pátio e vistas para o jardim. Tem estacionamento privado no local e de acesso Wi-Fi gratuito. Possui 3 quartos, uma cozinha equipada com uma máquina de lavar louça e um micro-ondas, uma máquina de lavar roupa e 2 casas de banho. Dispõe ainda de um parque infantil e comodidades para churrascos.
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LOCALIZAÇÃO DO CASTELO DE ABRANTES
Coordenadas Google Maps: 39.464335, -8.194619 | Castelo de Abrantes no Google Maps
Coordenadas GPS: 39°27’51.6″N 8°11’40.6″W