Ásbyrgi fica na região Norte da Islândia, a cerca de 50 minutos de carro para Este de Húsavik.
Ásbyrgi, que se pronuncia = ouse-beer-ghee, é uma depressão em forma de ferradura que mede aproximadamente 3,5 km de comprimento, e mais de 1 km de largura. Mais de metade do seu comprimento é dividido por uma formação rochosa distinta, chamada Eyjan (a ilha), e que tem uma vista fantástica sobre o desfiladeiro.
Este desfiladeiro, que pertence ao Parque Nacional Jökulsárgljúfur, é formado por penhascos rochosos que podem ir até aos 100 metros de altura.
Diz a lenda que a forma incomum do desfiladeiro está de acordo com a velha mitologia Viking. Odin, o principal deus pagão, terá montado o seu cavalo de oito patas, Sleipnir, e numa viagem em redor do mundo, este terá tocado com um dos seus cascos no solo deixando esta marca na paisagem.
Mas não é só este conto que Ásbyrgi guarda na sua história. Diz também uma lenda que este desfiladeiro é a capital dos “Hidden People” (huldufolk = povos escondidos), mais conhecidos por Elfos, que vivem nas fendas das falésias circundantes.
Contudo, os geólogos têm outra teoria para a formação deste desfiladeiro, já que terá sido o resultado de uma inundação catastrófica do rio glaciar Jokulsa, nas proximidades, após a última Idade do Gelo há cerca de 10.000 anos atrás e, novamente, há cerca de 3.000 anos. O rio agora mudou o seu curso estando 2 km a Este.
A melhor maneira de chegar a Ásbyrgi é através da Road 85, vinda de Húsavik.
O centro de visitantes Gljúfrastofa – Ásbyrgi Visitor Centre está aberto quase todo o ano, mas sempre com horários diferentes. Neste centro podem encontrar, para além de informações turísticas deste local, uma exposição sobre o Parque Nacional Jökulsárgljúfur e uma pequena loja de recordações com várias peças de artesanato local.
Existem vários trilhos para caminhadas (podem pedir mais informações no centro de visitantes), e um parque de campismo que abre somente de 15 de Maio a 30 de Setembro.
Depois de uma curta paragem no centro de visitantes, fomos em direção a Sul, por uma estrada de alcatrão rodeada por uma floresta de vidoeiros e salgueiros. Entre 1947 e 1977, foram introduzidas várias espécies de árvores estrangeiras, incluindo o pinheiro.
A estrada asfaltada termina num pequeno parque de estacionamento e uma placa com a inscrição “Botnstjörn” indica a direção a seguir.
Depois de alguns minutos de caminhada, cerca de 800 metros, por entre uma vasta vegetação, eis que surge o pequeno lago Botnstjörn, um lugar mágico na Islândia.
Este pequeno lago, lar de várias espécies de aves aquáticas, é o que resta de uma cascata que em tempos caiu das falésias, e onde agora apenas o silêncio ecoa nas paredes altas e verticais.
Era capaz de ficar neste local várias horas, mesmo sendo “apenas” um pequeno lago de água cristalina, rodeado de altas falésias.
Do lado direito do lago existem alguns degraus que nos fazem ter uma visão mais completa de todo o local, contudo, subi apenas para tirar uma ou duas fotos porque as paredes rochosas embora pareçam seguras, nunca se sabe se não caem pedras lá de cima.
Há também quem goste de gritar para experimentar o eco neste local, mas o silêncio é tão intenso que parece crime apenas o falarmos com alguém. Não é à toa que chamam de “abrigo dos deuses”.
Tendo em conta a posição do desfiladeiro relativamente ao Sol, não será fácil fotografar com tantas sombras, mesmo assim é certamente uma imagem que guardo e que me acompanhará durante muito tempo.
Tal como já disse no inicio, dizem que Ásbyrgi é o lar dos Elfos, com muitas histórias sobre encontros, pelo que nunca se sabe o que pode acontecer se estiver de visita a este local. Eu confesso que não vi nenhum, mas trouxe uma t-shirt da Islândia a dizer que tive um encontro com um, ou melhor, com uma.
De volta agora ao parque de campismo, era tempo de ver o desfiladeiro de outra perspetiva e realizar uma das muitas caminhadas possíveis no local. Escolhemos a Á-2, que começa junto ao parque de estacionamento do parque de campismo e termina na extremidade a Sul de Eyjan.
É um percurso sobre Eyjan (a ilha). É bastante fácil de realizar, com cerca de 5 km (ida e volta), perfazendo cerca de 2 horas de caminhada, incluindo já algum tempo para contemplação da paisagem.
Sempre caminhando em direção a Sul, o trilho está bem delineado e muito facilmente se chega à extremidade do penhasco para contemplar a vista.
Este penhasco que divide o desfiladeiro tem cerca de 250 metros de largura, vegetação muito rasteira e algumas zonas rochosas. A caminhada é bastante agradável, não fosse a vista de tirar o fôlego.
Uma vez chegados à extremidade mais a Sul de Eyjan, o horizonte parece terminar nas paredes verticais que delimitam o desfiladeiro. Uma magnifica obra da natureza.
A vegetação em tons de verde apenas é cortada pela estrada de alcatrão que nos levou anteriormente ao lago Botnstjörn, bem na extremidade a Sul. É uma visão incrível que nos faz sentir, uma vez mais, pequeninos.
Para terminar, e ainda sobre os Elfos, as crenças tradicionais são ricas em histórias de pessoas escondidas nas falésias. Aqueles que as viram, dizem que são como nós, mas mais bonitas.
Os moradores contam a história do filho de um pobre agricultor de Byrgi e uma rapariga de um estrato social mais alto, que não tinham permissão para casar. Num sonho, uma fada terá dito à rapariga que o seu amante tinha sido transformado num animal por uma criatura que vivia nas falésias.
Esse animal, a besta, morava no lago de Árbyrgi e só poderia surgir quando o sol da meia-noite iluminasse os penhascos. Ao confrontar a besta, a rapariga lançou-se sobre ela para libertar o seu amante do feitiço e a fada ao ver aquilo, quebrou o feitiço e concedeu-lhes o casamento.
Deixo-vos ainda uma foto que encontrei na internet, de autor desconhecido, que mostra muito bem a forma do desfiladeiro já que se trata de uma imagem aérea. Sem dúvida uma imagem que diz mais que 1000 palavras.
fonte: Google, autor desconhecido
Localização de Ásbyrgi
Coordenadas Google Maps: 66.009980, -16.507236 | Ásbyrgi no Google Maps
Coordenadas GPS: 66°00’35.9″N 16°30’26.1″W